´Eu escrevo pra nada e pra ninguém. Se alguém me lê é por conta própria e auto-risco.´ Clarice Lispector
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
O bilhete premiado (Anton Tchekhov)
Ivan Dmítritch, homem remediado que vivia com a família na base de uns 1200 rublos por ano, muito satisfeito com seu destino, certa noite, depois do jantar, sentou-se no sofá e começou a ler o jornal.
sábado, 10 de outubro de 2015
Eu cresci com medo de Nostradamus
O ano era 1977. Eu nasci. E infelizmente cresci com medo das profecias
de Nostradamus para o ano de 1999. Eu fazia as contas e sabia que viveria até os
meus 22 anos, então, se o mundo ia mesmo acabar, como eu acreditava, teria que
“acelerar” o processo das coisas que eu gostaria de realizar. Uma dessas frases
assustadoras, dizia: “No ano de 1999, sétimo mês, do céu virá o grande
terror.” Lembrem-se que naquela
época não tinha internet, nem celular, nós vivíamos das notícias da TV, pura e
simplesmente, e quando esse ano foi se aproximando, só se falava disso. Eu
pensava ser muito injusto porque eu ia morrer na flor da idade e não eu não
teria tido tempo suficiente de fazer tudo o que eu gostaria de fazer. Não me
lembro bem dos anos, a ordem cronológica de tudo isso, minha mente é assim, me
desculpem, mas me lembro de ter procurado, a minha vida toda, para uma
explicação para tudo isso, uma explicação que fizesse sentido na minha mente,
quando veio o medo do cometa Halley, em 1986. Alguns diziam que tínhamos de ver
pois só passaria de novo em 75 ou 76 anos. Fiz as contas de novo e vi que não
estaria viva para apreciá-lo novamente. Mas algumas teorias conspiracionistas
diziam que o cometa poderia se chocar com a Terra e destruir tudo, antes mesmo
do ano 2000. Aí fiquei apavorada. Vi que o tempo era meu inimigo mesmo, e
declarado. O cometa passou e eu fiquei viva. Procurei nas religiões, em quase todas, e continuei procurando até a
morte do meu pai em 1997. Nem o fim do mundo poderia ser pior que aquilo. Parei
de procurar por um tempo, passei a ser cética. Só sei que os anos passaram,
chegou o ano 2000 e nada de terrível aconteceu, a não ser a morte do meu futuro
sogro, aquele a quem eu tinha adotado como pai, já que tinha perdido o meu.
Então eu comecei a perceber que sobrevivia às dores, às perdas, pode ser que eu
não soubesse lidar com isso da melhor maneira possível, mas eu sobrevivia! Depois do meu período cético, continuei minha busca pela explicação onde
tudo faria sentido na minha cabeça. Depois de ter passado por uma dor muito
grande, a de um aborto, cheguei a algumas respostas e acreditei que poderia
estar ali, que na verdade, sempre esteve tão perto de mim e eu não enxergava.
Aí fiquei tranquila. Estava tudo dentro de mim, eu escolhia pelo que ia passar
ou não, bastava escolher, decidir. Mas não era tão fácil assim, a mente é uma
máquina muito bem projetada, graças a Deus! Não bastava querer, temos que
sentir, que acreditar. E não é tão fácil de se acreditar quando se tem mais de
30 anos. Vamos nos protegendo de tudo e de todos, que não deixamos muitas
coisas se aproximarem de nós por medo, medo até do amor que sentimos. Porque
vem a dúvida: “será que somos correspondidos? ”. Com os anos, ficamos
desconfiados dos sentimentos que os outros podem ter em relação à nós. Só sei
que cheguei ao amor ao próximo, ao amor por tudo e todas as coisas, amor pela
vida, amor incondicional. Como eu já tinha uma filha, foi fácil identificar
esse amor. Um amor não egoísta, um amor que deseja que todos estejam bem,
saudáveis e prósperos, um amor onde todos possam desfrutar do melhor que a vida
pode oferecer. E que não teria problema se eu não conseguisse tudo o que queria
nessa vida, porque eu era imortal, então isso não importava mais. Eu teria
muitas vidas ainda pela frente para atingir o meu objetivo.
Até que um dia, um amigo me propôs uma simples brincadeira: “e se a
única vida que existir for essa?”, “e se não tivermos outra chance?”, “e se não
formos imortais e nem tão importantes assim, para Deus ou para o Universo?”, “se formos
apenas mais uma forma de vida dentre várias outras?” . E essa
brincadeira me fez enxergar que tudo isso tem sim um sentido, o de nos proteger
da imensa dor que sentimos, quando por exemplo, perdemos um filho. Essa crença
serve sim para acalmar nossa ansiedade, afastar um pouco a tristeza, a
continuar a levantar da cama todos os dias, acreditar que amanhã ou algum dia,
poderemos reencontrar essa pessoa tão amada e que nos deixou tão cedo, para
continuarmos essa vida que não tem sentido sem ela. Sim, para essas pessoas
vale muito à pena, e acredito até que, se não fosse essa crença, elas já teriam
sucumbido à dor da perda. Mas chego a conclusão, aos 38 anos de idade, que vale
mais à pena acreditar que só temos essa vida e mais nada, só temos o agora, só
temos esse instante para fazer tudo valer a pena ter sido vivido. E se por acaso você for uma dessas
pessoas que, como eu, tentou ver tudo isso através das cartas de uma
cartomante, meu conselho é: “se você vir o futuro, este não mais existirá.” Se
você o viu, ele deixará de ser futuro,
e será apenas algo que você quer que aconteça (ou não). Por esse motivo,
o conselho mais sábio que me cabe aqui nesse espaço é: não se preocupe, a maior
parte das coisas com que nos preocupamos, jamais acontece.
Levante-se da cama e agradeça por ter aberto seus olhos, por ter tido
uma cama confortável onde dormir, por ter comida em sua mesa, por ter roupas para
vestir, por ter animais de estimação que valem uma companhia incrível, por ter
quem se preocupe com você, por enxergar, por ter braços e pernas, por ter seus
movimentos, por respirar, por ter quem te ame, por ter quem te visite no
hospital, por ter amigos com quem desabafar, por poder olhar de perto a morte e
conseguir se esconder dela, agradeça por estar vivo, agradeça inclusive se
estiver sentindo dor, um bom sinal de que você está realmente vivo.
sexta-feira, 2 de outubro de 2015
Caiu um cisco no meu olho aqui
Vivo dizendo ou pensando que temos de fazer as coisas, qualquer coisa, com amor. Na verdade, não é que "temos" e sim "seria melhor se" fizéssemos tudo a partir de um bom sentimento que brota dentro de nossos corações. Mas acabei chegando, de algum modo, na paixão, no passional. E cheguei à conclusão que passional não é tão bom quanto amoroso. A paixão ou o ato passional é aquilo que te tira do sério por completo, aquilo que existe em pequena porcentagem dentro de você e se torna tudo aquilo que, na verdade, você não deseja ser.
Teve um período da minha vida que eu achava que eu deveria ser mais passional do que pacífica e passiva. Achava lindo os rompantes de ciúmes, as brigas, as gritarias. Mas tive de viver tudo isso que eu achava bonito na relação dos outros para perceber que não era bem por ai.
Quando eu tive uma relação estável, tranquila, eu acreditava que faltava a tal da paixão. Faltava ciúmes e todas as cenas escandalosas que vem com ela. Eu sabia que era isso que faltava no meu relacionamento.
Eu quis tanto que acabei criando um relacionamento desses para a minha vida. E só assim para perceber que o buraco é mais embaixo.
Definitivamente, não gostei. E também não teria outro desses. Na minha concepção são relacionamentos que te podam, que te apara as asas, daqueles que não te deixa sair com certo tipo de roupa ou cabelo ou cor de esmalte, daqueles que fazem você esquecer quem você é, daqueles que te anulam. São relacionamentos baseados na adrenalina, no nervosismo, no "faça isso, que eu te dou o troco na mesma moeda" porque acreditam que "chumbo trocado não dói". Mentira. Dói em mim por fazer e dói em você por querer se vingar do que eu fiz.
E vingança não é lá um dos sentimentos mais elevados que existem, mas existem piores.
Apesar de tudo isso, ainda considero a indiferença muito pior do que a vingança. Afinal, a vingança tem paixão dentro dela, a indiferença não tem nada.
Mas voltando ao tema a ser desenvolvido, a paixão pode te levar a loucura, pode fazer você esquecer de raciocinar e apenas agir instintivamente. Eu, que estive dos dois lados, considero que o mar calmo do amor, nos leva além do que imaginamos e a paixão nos deixa aquém do que desejamos.
Esse fogo da paixão, além de ser um fogo bastante rápido e queimar tudo e todos pela frente, deixa marcas em suas mãos e no seu coração. Pode te levar a desconfiar de todos que aparecem na sua vida, pode te levar a acreditar que alguém não te ame por não te dar atenção 24 horas por dia. E não é bem por ai. Se você manda uma mensagem, ou um e-mail, ou algo assim, e a pessoa demora para responder não quer dizer que essa pessoa não te ame, às vezes só quer dizer que ele/ela não pode responder no momento porque pode estar ocupado trabalhando e não te traindo.
Mas se for assim, brando, não é amor, não pode ser, porque quando a gente ama, a gente sente falta, a gente liga, a gente sai com o carro de madrugada, a gente enche a cara, isso sim é amor. Será?
Pelo menos muitas letras de músicas dizem isso, e alguns filmes também, se não for assim intenso, não vale a pena ser vivido.
Eu acredito que isso seja mais uma "conspiração" para que fique cada vez mais difícil você (e eu também) encontrarmos um amor verdadeiro. Não sei quem exatamente ganha com essa conspiração, mas alguém começou com ela. Não duvido que tenha sido de alguém muito ciumento.
Portanto, pouco importa do que eu ache ou deixe de achar. O que eu quero dizer é: não compare os seus relacionamentos. Nunca compare nada, nem mesmo você com a mulher que você acha a mais linda do mundo. Sabe por quê? Não vale a pena e você vai se decepcionar. Se ela é conhecida, pública, tem dinheiro, usa photoshop, plástica, botox, drenagem linfática, desmaia de fome, e você se compara a isso, sem nem ao menos saber a metade do que ela tem que passar para ser quem é.
Por outro lado, se uma amiga sua tem um relacionamento desses bem passionais e você compara ao seu, estabilizado, calmo, tranquilo, centrado, vai acabar acreditando que é falta de amor, de tesão, e corre o risco de largar tudo para ir atrás de algo que não existe. Porque esse "fogo" não dura muito tempo, ele esquenta muito rápido, mas apaga tão facilmente como começou.
Lembra do ditado: 'não troque o certo pelo incerto'? É mais ou menos isso. Desejo que o seu relacionamento amoroso, com quem quer que seja, independente de sexo, idade, religião, desejo que seja autêntico, original e cheio de um amor tranquilo e duradouro. Ah! E que você aprenda a conservar. Não acredite que a grama do vizinho é mais verde do que a sua, porque você não sabe o que ele passa para deixá-la com aquela cor.
Teve um período da minha vida que eu achava que eu deveria ser mais passional do que pacífica e passiva. Achava lindo os rompantes de ciúmes, as brigas, as gritarias. Mas tive de viver tudo isso que eu achava bonito na relação dos outros para perceber que não era bem por ai.
Quando eu tive uma relação estável, tranquila, eu acreditava que faltava a tal da paixão. Faltava ciúmes e todas as cenas escandalosas que vem com ela. Eu sabia que era isso que faltava no meu relacionamento.
Eu quis tanto que acabei criando um relacionamento desses para a minha vida. E só assim para perceber que o buraco é mais embaixo.
Definitivamente, não gostei. E também não teria outro desses. Na minha concepção são relacionamentos que te podam, que te apara as asas, daqueles que não te deixa sair com certo tipo de roupa ou cabelo ou cor de esmalte, daqueles que fazem você esquecer quem você é, daqueles que te anulam. São relacionamentos baseados na adrenalina, no nervosismo, no "faça isso, que eu te dou o troco na mesma moeda" porque acreditam que "chumbo trocado não dói". Mentira. Dói em mim por fazer e dói em você por querer se vingar do que eu fiz.
E vingança não é lá um dos sentimentos mais elevados que existem, mas existem piores.
Apesar de tudo isso, ainda considero a indiferença muito pior do que a vingança. Afinal, a vingança tem paixão dentro dela, a indiferença não tem nada.
Mas voltando ao tema a ser desenvolvido, a paixão pode te levar a loucura, pode fazer você esquecer de raciocinar e apenas agir instintivamente. Eu, que estive dos dois lados, considero que o mar calmo do amor, nos leva além do que imaginamos e a paixão nos deixa aquém do que desejamos.
Esse fogo da paixão, além de ser um fogo bastante rápido e queimar tudo e todos pela frente, deixa marcas em suas mãos e no seu coração. Pode te levar a desconfiar de todos que aparecem na sua vida, pode te levar a acreditar que alguém não te ame por não te dar atenção 24 horas por dia. E não é bem por ai. Se você manda uma mensagem, ou um e-mail, ou algo assim, e a pessoa demora para responder não quer dizer que essa pessoa não te ame, às vezes só quer dizer que ele/ela não pode responder no momento porque pode estar ocupado trabalhando e não te traindo.
Mas se for assim, brando, não é amor, não pode ser, porque quando a gente ama, a gente sente falta, a gente liga, a gente sai com o carro de madrugada, a gente enche a cara, isso sim é amor. Será?
Pelo menos muitas letras de músicas dizem isso, e alguns filmes também, se não for assim intenso, não vale a pena ser vivido.
Eu acredito que isso seja mais uma "conspiração" para que fique cada vez mais difícil você (e eu também) encontrarmos um amor verdadeiro. Não sei quem exatamente ganha com essa conspiração, mas alguém começou com ela. Não duvido que tenha sido de alguém muito ciumento.
Portanto, pouco importa do que eu ache ou deixe de achar. O que eu quero dizer é: não compare os seus relacionamentos. Nunca compare nada, nem mesmo você com a mulher que você acha a mais linda do mundo. Sabe por quê? Não vale a pena e você vai se decepcionar. Se ela é conhecida, pública, tem dinheiro, usa photoshop, plástica, botox, drenagem linfática, desmaia de fome, e você se compara a isso, sem nem ao menos saber a metade do que ela tem que passar para ser quem é.
Por outro lado, se uma amiga sua tem um relacionamento desses bem passionais e você compara ao seu, estabilizado, calmo, tranquilo, centrado, vai acabar acreditando que é falta de amor, de tesão, e corre o risco de largar tudo para ir atrás de algo que não existe. Porque esse "fogo" não dura muito tempo, ele esquenta muito rápido, mas apaga tão facilmente como começou.
Lembra do ditado: 'não troque o certo pelo incerto'? É mais ou menos isso. Desejo que o seu relacionamento amoroso, com quem quer que seja, independente de sexo, idade, religião, desejo que seja autêntico, original e cheio de um amor tranquilo e duradouro. Ah! E que você aprenda a conservar. Não acredite que a grama do vizinho é mais verde do que a sua, porque você não sabe o que ele passa para deixá-la com aquela cor.
A coragem de Hugo Cabret
Terminei outro dia a leitura do livro "A invenção de Hugo Cabret" do escritor Brian Selznick, de propriedade da minha filha, porque eu tinha assistido ao filme mas ainda não tinha lido o livro. E apesar de achar o filme lindíssimo, as ilustrações do próprio autor no livro, não deixam nada a desejar, são maravilhosas.
Como eu adoro literatura infanto-juvenil e fantasias, decidi que essa história seria uma entre as minhas preferidas.
A história se passa em Paris no ano de 1931. Hugo Cabret é um menino órfão mas que adora mecanismos. Enquanto seu pai ainda era vivo e trabalhava em um museu, encontrou um autômato abandonado por lá e contou para o seu filho que, insistiu que o pai o consertasse. Mas não conseguiu concluir seu objetivo porque morreu antes disso, deixando essa tarefa para Hugo, que por sua vez, imaginou que assim que consertasse o autômato, este lhe daria alguma mensagem de seu falecido pai. Hugo entra de cabeça nesse propósito e enfrenta tudo e todos para alcançar seu objetivo. Mas as entrelinhas é que me fascinaram. Um menino completamente sozinho, morando (escondido) em uma estação de trem, ajustando os relógios, passando fome, frio, tendo que roubar, sempre sujo e sem ninguém para se preocupar com ele. Até aí ok, a história é triste.
Mas mesmo passando por todas essas dificuldades, ele não desisti de seu sonho e continua indo em frente, apesar de todos os obstáculos e acaba expandindo esse sonho com outros personagens do livro.
Hugo Cabret, em minha opinião, é um menino muito corajoso, mas não por conseguir sobreviver, mas sim por não deixar que nada o faça desistir. Eu me lembrei que um dia também fui assim, mas cheguei a esmorecer diante de algumas dificuldades. Sinto nele o perfume da coragem da juventude, da ausência do medo de persistir naquilo que quer. Nós vamos crescendo e deixando alguns (ou muitos) sonhos para trás, vamos nos esquecendo deles porque as responsabilidades crescem a cada dia. Então vamos trabalhando para sobreviver, vamos gastando horas em frente a TV, ao smartphone, nas redes sociais, vamos vivendo no piloto automático, porque, infelizmente, perdemos esse vigor da juventude. Esse ar heróico que tínhamos quando achávamos que seríamos jovens para sempre, que nada nem ninguém nos tiraria de nosso eixo. Mas nós mesmos saímos de nossos eixos, consciente ou inconscientemente.
Vamos deixando a vida nos levar, vamos empurrando com a barriga, vamos deixando acontecer. Até um dia quando você ouve uma música no rádio do carro que te traz a lembrança de quem você era e de quem você é hoje. Uma música ou um filme ou um perfume que te lembram uma época e que você tinha simplesmente esquecido. Nessa hora nos damos conta do tempo que passou.
É só olhar para os jovens, adolescentes e você se lembrará. Lembrará que já foi como eles, já teve esse ar imbatível, mas com a correria e os problemas da vida nos acovardamos.
E foi nesse livro que lembrei de como eu era e de como eu sou hoje. Mas esses sinais estão em toda a parte, basta você estar disposto para olhar para eles. E, graças a Deus, eles dizem claramente: sempre há tempo de voltar e fazer de novo. Se você estiver olhando para a sua vida e não estiver satisfeito com o que vê, pare e comece de novo. Você pode errar, você pode falhar, você pode começar do zero novamente, porque sempre é tempo de recomeçar. Não tenha medo das mudanças e nem das suas escolhas, lembre-se que, mesmo se você não escolher, escolhido estará. Então aja. Corra atrás. Faça o que tem vontade de fazer. Mesmo que você não possa largar seu emprego, mantenha o que você ama fazer como um "hobby", mas mantenha por perto, não se distancie de você mesmo.
Olhe de perto para tudo de bom que a sua vida tem hoje, mas não pare mais que um segundo observando os problemas, porque você tomará a decisão certa para resolvê-los, se preocupar não vai ajudar em nada. Respire e sinta que um sangue juvenil ainda corre em suas veias, você não está velho nem ultrapassado, você é a expressão física da vida. Dê valor aos seus sentimentos e emoções, perceba que não está sozinho e siga em frente com todo o seu amor.
Não perca nunca seu entusiasmo em viver, em acordar cedo, em ter que ir trabalhar, em ter que ir ao médico, em sentir alguma dor, em fazer uma refeição, em saborear uma bebida. Volte a enxergar como você e eu enxergávamos antes de nos esquecermos quem éramos.
Grata Hugo Cabret, professor H. Alcofrisbas, autômato, ao cinema, a literatura, a Brian Selznick, que nossos esforços não sejam em vão, que possamos despertar aqueles que passam por nossas vidas da melhor forma possível.
Como eu adoro literatura infanto-juvenil e fantasias, decidi que essa história seria uma entre as minhas preferidas.
A história se passa em Paris no ano de 1931. Hugo Cabret é um menino órfão mas que adora mecanismos. Enquanto seu pai ainda era vivo e trabalhava em um museu, encontrou um autômato abandonado por lá e contou para o seu filho que, insistiu que o pai o consertasse. Mas não conseguiu concluir seu objetivo porque morreu antes disso, deixando essa tarefa para Hugo, que por sua vez, imaginou que assim que consertasse o autômato, este lhe daria alguma mensagem de seu falecido pai. Hugo entra de cabeça nesse propósito e enfrenta tudo e todos para alcançar seu objetivo. Mas as entrelinhas é que me fascinaram. Um menino completamente sozinho, morando (escondido) em uma estação de trem, ajustando os relógios, passando fome, frio, tendo que roubar, sempre sujo e sem ninguém para se preocupar com ele. Até aí ok, a história é triste.
Mas mesmo passando por todas essas dificuldades, ele não desisti de seu sonho e continua indo em frente, apesar de todos os obstáculos e acaba expandindo esse sonho com outros personagens do livro.
Hugo Cabret, em minha opinião, é um menino muito corajoso, mas não por conseguir sobreviver, mas sim por não deixar que nada o faça desistir. Eu me lembrei que um dia também fui assim, mas cheguei a esmorecer diante de algumas dificuldades. Sinto nele o perfume da coragem da juventude, da ausência do medo de persistir naquilo que quer. Nós vamos crescendo e deixando alguns (ou muitos) sonhos para trás, vamos nos esquecendo deles porque as responsabilidades crescem a cada dia. Então vamos trabalhando para sobreviver, vamos gastando horas em frente a TV, ao smartphone, nas redes sociais, vamos vivendo no piloto automático, porque, infelizmente, perdemos esse vigor da juventude. Esse ar heróico que tínhamos quando achávamos que seríamos jovens para sempre, que nada nem ninguém nos tiraria de nosso eixo. Mas nós mesmos saímos de nossos eixos, consciente ou inconscientemente.
Vamos deixando a vida nos levar, vamos empurrando com a barriga, vamos deixando acontecer. Até um dia quando você ouve uma música no rádio do carro que te traz a lembrança de quem você era e de quem você é hoje. Uma música ou um filme ou um perfume que te lembram uma época e que você tinha simplesmente esquecido. Nessa hora nos damos conta do tempo que passou.
É só olhar para os jovens, adolescentes e você se lembrará. Lembrará que já foi como eles, já teve esse ar imbatível, mas com a correria e os problemas da vida nos acovardamos.
E foi nesse livro que lembrei de como eu era e de como eu sou hoje. Mas esses sinais estão em toda a parte, basta você estar disposto para olhar para eles. E, graças a Deus, eles dizem claramente: sempre há tempo de voltar e fazer de novo. Se você estiver olhando para a sua vida e não estiver satisfeito com o que vê, pare e comece de novo. Você pode errar, você pode falhar, você pode começar do zero novamente, porque sempre é tempo de recomeçar. Não tenha medo das mudanças e nem das suas escolhas, lembre-se que, mesmo se você não escolher, escolhido estará. Então aja. Corra atrás. Faça o que tem vontade de fazer. Mesmo que você não possa largar seu emprego, mantenha o que você ama fazer como um "hobby", mas mantenha por perto, não se distancie de você mesmo.
Olhe de perto para tudo de bom que a sua vida tem hoje, mas não pare mais que um segundo observando os problemas, porque você tomará a decisão certa para resolvê-los, se preocupar não vai ajudar em nada. Respire e sinta que um sangue juvenil ainda corre em suas veias, você não está velho nem ultrapassado, você é a expressão física da vida. Dê valor aos seus sentimentos e emoções, perceba que não está sozinho e siga em frente com todo o seu amor.
Não perca nunca seu entusiasmo em viver, em acordar cedo, em ter que ir trabalhar, em ter que ir ao médico, em sentir alguma dor, em fazer uma refeição, em saborear uma bebida. Volte a enxergar como você e eu enxergávamos antes de nos esquecermos quem éramos.
Grata Hugo Cabret, professor H. Alcofrisbas, autômato, ao cinema, a literatura, a Brian Selznick, que nossos esforços não sejam em vão, que possamos despertar aqueles que passam por nossas vidas da melhor forma possível.
Assinar:
Postagens (Atom)